Bashar Assad pediu assessoria do Irã por e-mail, diz jornal
Ditador contaria com assessores que o auxiliam em estratégias contra a crise

O Irã auxiliou o ditador sírio, Bashar Assad, sobre a forma de enfrentar o levante popular em seu país, segundo revela o conteúdo de milhares de e-mails pessoais de Assad publicados nesta quarta-feira pelo jornal britânico The Guardian. A publicação teve acesso a mais de 3.000 documentos que a oposição síria - aparentemente o grupo Conselho Supremo da Revolução - interceptou de contas privadas na internet de Assad e de sua mulher, Asma.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram mais de 9.400 pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
Os documentos, que datam de junho de 2011 até o início de fevereiro deste ano, revelam como a Síria recebeu conselhos de Teerã em várias ocasiões e oferecem "um retrato da família Assad isolada pela crise, mas que continua desfrutando de uma vida cheia de luxos".
Em uma das mensagens citadas, um assessor de imprensa de Assad reconheceu que as sugestões feitas para um discurso do presidente da Síria eram fruto da consulta "com várias pessoas, incluindo o conselheiro de comunicação e política do embaixador iraniano". Em outro e-mail, a filha do emir do Catar, Hamad Khalifa Thani, aconselhou o casal Assad que abandonasse a Síria, além de sugerir que seu país poderia oferecer exílio.
Assessoria - Ainda de acordo com o jornal, outros documentos evidenciam ainda como o ditador conta com um grupo de assessores que o ajudam em questões de estratégia midiática para enfrentar as crescentes críticas internacional. Os e-mails afirmam, além disso, como o presidente foi informado da presença de jornalistas ocidentais na cidade rebelde de Homs.
Segundo o The Guardian, os ativistas afirmam que foram capazes de acompanhar em tempo real a caixa de entrada do e-mail de Assad e de sua mulher durante meses e que em algumas ocasiões tiveram a oportunidade de avisar a seus colegas de Damasco sobre iminentes operações do regime contra eles.
O jornal britânico afirmou, em seu site, que fez todos os esforços possíveis para checar a autenticidade dos e-mails, comprovando seu conteúdo com fatos já demonstrados e entrando em contato com 10 pessoas cujos endereços aparecem nas mensagens.
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